"Os papelotes
Nunca choraremos bastante
termos querido ser belas
à viva força
eu quis ser bela
e julguei que para ser bela
bastava usar canudos
pedi para me fazerem canudos
com um ferro de frisar e papelotes
puxaram-me muito pelos cabelos
eu gritei
disseram-me para ser bela
é preciso sofrer
depois o cabelo queimou-se
não voltou a crescer
tive de passar a andar com uma peruca
para ser bela é preciso sofrer
mas sofrer não nos faz forçosamente belas
um sofrimento não implica como consequência
uma recompensa
uma dor de dentes pode comover a nossa mãe
que para nos consolar sem saber de quê
nos dá um rebuçado
mas o rebuçado ainda nos faz doer mais os dentes
a consequência de um sofrimento
pode ser outro sofrimento
a causa é posterior ao efeito
o motivo do sofrimento é uma das consequências
do sofrimento
os papelotes são uma consequência da peruca"
desejo-te a morte. agora que o maço de tabaco enumera cidades onde te vi crescer e que vejo em ti os olhos do último amor.
domingo, 31 de dezembro de 2017
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
isto podia ser eu a amar-te.
mas depois um dia chuvoso
ou o gás do isqueiro a acabar
as pontas dos dedos dormentes.
a ausência de vontade
bugigangas na mesinha de cabeceira.
podia ser amor
mas era um peixe sem cabeça
pendurado na parede do snack bar
pedes um prego e um fino
e não há qualquer magia
na metafísica da normalidade.
afinal tu nem sabes chorar
e lambes os dedos
quase saciado.
um desconhecido acende-te o cigarro
podia ser a onda mais forte da maré cheia
mas o barulho da cidade
o atropelo constante das emoções
esmagadas contra as vitrines do tempo.
podia ser um amor para a vida toda
mas a vida toda escorregou pela valeta
com a pica do teu cigarro
por entre as lágrimas que não conheces.
isto podia ser eu a dizer-te amo-te
mas eu tenho tanta tanta pressa
de ver o nada acontecer.
mas depois um dia chuvoso
ou o gás do isqueiro a acabar
as pontas dos dedos dormentes.
a ausência de vontade
bugigangas na mesinha de cabeceira.
podia ser amor
mas era um peixe sem cabeça
pendurado na parede do snack bar
pedes um prego e um fino
e não há qualquer magia
na metafísica da normalidade.
afinal tu nem sabes chorar
e lambes os dedos
quase saciado.
um desconhecido acende-te o cigarro
podia ser a onda mais forte da maré cheia
mas o barulho da cidade
o atropelo constante das emoções
esmagadas contra as vitrines do tempo.
podia ser um amor para a vida toda
mas a vida toda escorregou pela valeta
com a pica do teu cigarro
por entre as lágrimas que não conheces.
isto podia ser eu a dizer-te amo-te
mas eu tenho tanta tanta pressa
de ver o nada acontecer.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
daqui a alguns meses
terás esquecido que existo
os dias mais longos, só um raio
de luz a atravessar-te das coxas até
ao sorriso numa manhã inclinada.
um relógio sem pilha, já esqueceste
o meu nome
daqui a alguns meses.
as minhas mãos na tua montra
de afectos, sem lugar certo.
uma morte sem nome
e o meu coração deserto.
terás esquecido que existo
os dias mais longos, só um raio
de luz a atravessar-te das coxas até
ao sorriso numa manhã inclinada.
um relógio sem pilha, já esqueceste
o meu nome
daqui a alguns meses.
as minhas mãos na tua montra
de afectos, sem lugar certo.
uma morte sem nome
e o meu coração deserto.
domingo, 24 de dezembro de 2017
domingo, 17 de dezembro de 2017
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Um gin. O mais barato.
cantas-me as canoas do tejo
enquanto fingimos fumar charros
de mãos fechadas.
encosto-me à porta do prédio
sabes que só consigo ouvir
com os olhos postos no nada.
imagino que os meus olhos brilhem
na mesma medida em que brilham
os faróis dos carros que descem a rua.
respondo-te com josé mario branco
e tu percebes. que a minha dor é muito maior que eu.
sorrimos, sorririamos na presença de qualquer animal morto.
canto contigo um fado inventado antes de mim.
entramos num bar, o empregado olha-me enquanto brinca com os copos.
pergunta-me o que vou querer.
para a vida? um gin. o mais barato.
enquanto fingimos fumar charros
de mãos fechadas.
encosto-me à porta do prédio
sabes que só consigo ouvir
com os olhos postos no nada.
imagino que os meus olhos brilhem
na mesma medida em que brilham
os faróis dos carros que descem a rua.
respondo-te com josé mario branco
e tu percebes. que a minha dor é muito maior que eu.
sorrimos, sorririamos na presença de qualquer animal morto.
canto contigo um fado inventado antes de mim.
entramos num bar, o empregado olha-me enquanto brinca com os copos.
pergunta-me o que vou querer.
para a vida? um gin. o mais barato.
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
diz-me que não cheguei a tempo. podes dizer, entre a chuva que é fraca, podes dizer. não chegaste a tempo. ou o tempo existe demais para ti. ou és de menos para o tempo. podes dizer, dói-me os joelhos. as mãos. as articulações do coração. o corpo inteiro na boca. podes dizer.
fotografia: daqui
domingo, 29 de outubro de 2017
terça-feira, 24 de outubro de 2017
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
pergunta-me onde dormiremos esta noite
eu dir-te-ei que mercúrio nos atravessou
como ar quente, dos lábios à garganta
pergunta-me como se alinham as fragilidades
do peito às coxas, que caminhos nos restarão ainda?
eu dir-te-ei que mercúrio nos atravessou
como ar quente, dos lábios à garganta
pergunta-me como se alinham as fragilidades
do peito às coxas, que caminhos nos restarão ainda?
fotografia: daqui
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
um mundo
em que tudo isto
fossem instrumentos da morte
diz-me que estás intacto
e que a febre não te roeu
os lábios
que tens ainda uma boca imensa
e dedos de agarrar livros
por dentro.
em que tudo isto
fossem instrumentos da morte
diz-me que estás intacto
e que a febre não te roeu
os lábios
que tens ainda uma boca imensa
e dedos de agarrar livros
por dentro.
foto daqui
terça-feira, 22 de agosto de 2017
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
sexta-feira, 28 de julho de 2017
quarta-feira, 26 de julho de 2017
sexta-feira, 30 de junho de 2017
ouve. descalcei-me e despi-me.
tenho a alma em carne viva. ouve.
descobri o lugar onde bate o coração.
tenho a alma em carne viva. ouve.
descobri o lugar onde bate o coração.
fotografia: daqui
quinta-feira, 29 de junho de 2017
queria ainda dizer-te:
o marulhar dos papéis dentro do bolso lembra-me a tua voz
lembra-me a tua boca encostada aos meus dedos
como que a apagar a linha da vida, tão pouco linha
tão pouco vida
mas queria ainda dizer-te:
talvez não te venha à memória nenhum dos nossos abraços
e eu carregue infinitamente essa ausência.
o marulhar dos papéis dentro do bolso lembra-me a tua voz
lembra-me a tua boca encostada aos meus dedos
como que a apagar a linha da vida, tão pouco linha
tão pouco vida
mas queria ainda dizer-te:
talvez não te venha à memória nenhum dos nossos abraços
e eu carregue infinitamente essa ausência.
fotografia: Orkun Mungan
é preciso encontrar uma palavra qualquer no meio da tralha. remexer os maços de tabaco vazios, a carteira, os bolsos, levantar os tapetes, pendurar os cobertores na janela, raspar a tinta das paredes, é preciso encontrar uma palavra que nos ligue. eu a ti, tu a mim, no meio da tralha que é preciso deixar para trás. é preciso, digo-te, é preciso o teu corpo. mas mais do que o teu corpo, é preciso a tua essência, todo o teu ser, a linha do teu corpo. no meio da tralha eu preciso encontrar-te. encontrar uma palavra que me diga estás vivo. que me diga estou viva. e é preciso, é mesmo preciso abrir os olhos mais uma vez.
encosta o ouvido à parede, para ouvir falar de amor como se não houvesse trânsito lá fora. como se a miséria do quotidiano fosse evitável. sabe saltar os dias como quem salta pedras no riacho ou como quem ergue uma espada invisível de cansaço e regresso. e ama como quem limpa a baba depois de acordar ou abre uma janela para um rua sem sol.
fotografia: kjeksomanen
quarta-feira, 28 de junho de 2017
quarta-feira, 14 de junho de 2017
quarta-feira, 7 de junho de 2017
sexta-feira, 26 de maio de 2017
quarta-feira, 10 de maio de 2017
terça-feira, 9 de maio de 2017
no quarto
recortarias a infância
em pequenos pedaços de papel
imaginário
um corte fundo nas aves do princípio
do mundo
no quarto
a inventar formas anatómicas
formas astrológicas de ser feliz
as mãos a apertar com força
o que sobrou dos olhares
que derramaste janela abaixo
no quarto
o incêndio e a mágoa
as ânsias e os desejos
a contemplação do afogamento.
recortarias a infância
em pequenos pedaços de papel
imaginário
um corte fundo nas aves do princípio
do mundo
no quarto
a inventar formas anatómicas
formas astrológicas de ser feliz
as mãos a apertar com força
o que sobrou dos olhares
que derramaste janela abaixo
no quarto
o incêndio e a mágoa
as ânsias e os desejos
a contemplação do afogamento.
segunda-feira, 8 de maio de 2017
sexta-feira, 5 de maio de 2017
terça-feira, 18 de abril de 2017
quinta-feira, 13 de abril de 2017
segunda-feira, 10 de abril de 2017
domingo, 9 de abril de 2017
sexta-feira, 7 de abril de 2017
seremos cada vez mais velhos
e
estaremos cada vez mais longe
mapa astral dirão os crentes
destino, fé, coincidência
falta de alternativa
escolha, dirão os céticos
estaremos cada vez mais cansados
sem paciência para os sonhos
dos outros.
sem vontade de abrir os olhos
e tocar com ternura a falta
que sentem de nós.
e
estaremos cada vez mais longe
mapa astral dirão os crentes
destino, fé, coincidência
falta de alternativa
escolha, dirão os céticos
estaremos cada vez mais cansados
sem paciência para os sonhos
dos outros.
sem vontade de abrir os olhos
e tocar com ternura a falta
que sentem de nós.
fotografia: Tatiana Domazetovich
quinta-feira, 6 de abril de 2017
agora que encostamos finalmente
todas as cadeiras à parede
e no estuque já só sobram pregos
ligeiramente dobrados, ligeiramente
enferrujados, como os nossos ossos
mais antigos.
agora, que da cal sai um leve som
de assobio. talvez o carteiro
talvez o senhor que vem ver
o contador da luz, ou entregar
publicidade onde finalmente
finalmente, os teus iogurtes
preferidos estão em promoção.
agora, que é o tudo e o nada que
te alegra e sabes que a felicidade
é uma coisa de se pôr dentro dos
livros.
todas as cadeiras à parede
e no estuque já só sobram pregos
ligeiramente dobrados, ligeiramente
enferrujados, como os nossos ossos
mais antigos.
agora, que da cal sai um leve som
de assobio. talvez o carteiro
talvez o senhor que vem ver
o contador da luz, ou entregar
publicidade onde finalmente
finalmente, os teus iogurtes
preferidos estão em promoção.
agora, que é o tudo e o nada que
te alegra e sabes que a felicidade
é uma coisa de se pôr dentro dos
livros.
fotografia: Vitor Dente
quarta-feira, 5 de abril de 2017
esta janela muito larga
e o gato esticado no
último raio de sol
um dia bonito com
vinho à mesa e um
livro com cheiro a
novo.
e tudo me falta.
e o gato esticado no
último raio de sol
um dia bonito com
vinho à mesa e um
livro com cheiro a
novo.
e tudo me falta.
fotografia: daqui
terça-feira, 4 de abril de 2017
segunda-feira, 3 de abril de 2017
rituais
dedos para atear incêndios
palavras que se acendem
debaixo da língua
as estrelas mais nuas
do que tu e eu
os astros, mentiras
de trazer por casa.
o pensamento mais
rápido do que a luz
do candeeiro velho
a boca à procura
de um lugar
para morrer
sexta-feira, 31 de março de 2017
talvez seja isso
a minha tragédia
incompatível
com a tua paz.
sufoco do coração
ou
castelo de cartas.
a minha tragédia
incompatível
com a tua paz.
sufoco do coração
ou
castelo de cartas.
fotografia: daqui
quinta-feira, 30 de março de 2017
não dizes amor.
dizes vai chover.
e quando me amas.
é como se chovesse.
não dizes chuva
dizes amor
e quando chove
é como se me amasses.
dizes vai chover.
e quando me amas.
é como se chovesse.
fotografia: daqui
não dizes chuva
dizes amor
e quando chove
é como se me amasses.
quarta-feira, 29 de março de 2017
não precisas de voltar a colher o eco
da voz que te acorda devagar
junto à temperatura exagerada
do tímpano.
não precisas de hastear ausências,
encher a casa de coisas para fazer
escrever amor sempre que os lábios
rasgam as bochechas até sangrar.
não precisas, nunca mais,
de pronunciar o nome das caixas vazias
esconder no fundo do peito a trepidação
dos relógios.
o que tu precisas é de um ar tão puro
que te rebente os pulmões e te faça voar.
da voz que te acorda devagar
junto à temperatura exagerada
do tímpano.
não precisas de hastear ausências,
encher a casa de coisas para fazer
escrever amor sempre que os lábios
rasgam as bochechas até sangrar.
não precisas, nunca mais,
de pronunciar o nome das caixas vazias
esconder no fundo do peito a trepidação
dos relógios.
o que tu precisas é de um ar tão puro
que te rebente os pulmões e te faça voar.
quinta-feira, 23 de março de 2017
imaginar um país em que os passeios
tenham a largura do mar, e as magnólias
preencham as estradas e as gargantas
da boca dos homens, larvas e sonhos
imaginar um país em que se cante
para acordar, para acender desejos
imaginar um cigarro que te queime
os lábios, um país sem palavras
e as mãos inquietas pescoço acima.
tenham a largura do mar, e as magnólias
preencham as estradas e as gargantas
da boca dos homens, larvas e sonhos
imaginar um país em que se cante
para acordar, para acender desejos
imaginar um cigarro que te queime
os lábios, um país sem palavras
e as mãos inquietas pescoço acima.
fotografia: daqui
quarta-feira, 22 de março de 2017
terça-feira, 21 de março de 2017
segunda-feira, 20 de março de 2017
sexta-feira, 17 de março de 2017
quinta-feira, 16 de março de 2017
compra-me o jornal
senta-te aos pés
da minha cama
lê-me o jornal
notícias de cá,
notícias do lado de lá
do mundo
lê-me o horóscopo
diz-me se vai chover
lê-me o nome dos mortos
diz-me a data das missas
de sétimo dia
conta-me dos fetiches
nas páginas do relax.
e quantos pedreiros
são precisos
quantas empregadas
domésticas internas.
lê-me a classificação
do campeonato distrital
e os programas que vão
dar na televisão.
não me deixes morrer
sem saber tudo.
não me deixes morrer.
senta-te aos pés
da minha cama
lê-me o jornal
notícias de cá,
notícias do lado de lá
do mundo
lê-me o horóscopo
diz-me se vai chover
lê-me o nome dos mortos
diz-me a data das missas
de sétimo dia
conta-me dos fetiches
nas páginas do relax.
e quantos pedreiros
são precisos
quantas empregadas
domésticas internas.
lê-me a classificação
do campeonato distrital
e os programas que vão
dar na televisão.
não me deixes morrer
sem saber tudo.
não me deixes morrer.
fotografia: amyjoamos
quarta-feira, 15 de março de 2017
obviamente falhamos
cheguei a pensar que os teus olhos
envelheceriam na cadeira do alpendre
a ler livros mais velhos do que nós
a ouvir música dos anos noventa
o cão, velho também deitado
aos teus pés e eu
deitada aos teus pés
junto ao cão
obviamente falhamos
a pergola gasta a cobrir
os vasos cheios de ervas
por florir, o barulho do motor
de um carro, ao fundo da rua.
pensei numa casa sem relógios
sem pulso, a envelhecer lentamente.
obviamente falhamos
cheguei a pensar que os teus olhos
envelheceriam na cadeira do alpendre
a ler livros mais velhos do que nós
a ouvir música dos anos noventa
o cão, velho também deitado
aos teus pés e eu
deitada aos teus pés
junto ao cão
obviamente falhamos
a pergola gasta a cobrir
os vasos cheios de ervas
por florir, o barulho do motor
de um carro, ao fundo da rua.
pensei numa casa sem relógios
sem pulso, a envelhecer lentamente.
obviamente falhamos
fotografia: pich urdaneta
segunda-feira, 13 de março de 2017
sexta-feira, 10 de março de 2017
quinta-feira, 9 de março de 2017
dorme como se o mundo tivesse acabado
e lá fora o pó nos atravessasse a garganta
o pó nos fechasse os olhos
dorme como se morresses de amor
no meio dos escombros e das folhas
escritas a lápis
dorme como se nos tivessemos esquecido
de cortar as unhas, de comprar o pão
de pagar a conta da luz, de fechar o carro
dorme como se não existissemos
o coração imundo e a boca fechada
dorme.
e lá fora o pó nos atravessasse a garganta
o pó nos fechasse os olhos
dorme como se morresses de amor
no meio dos escombros e das folhas
escritas a lápis
dorme como se nos tivessemos esquecido
de cortar as unhas, de comprar o pão
de pagar a conta da luz, de fechar o carro
dorme como se não existissemos
o coração imundo e a boca fechada
dorme.
quarta-feira, 8 de março de 2017
a confusão das ruas
ou
os olhares invertidos
ou
o barulho dos carros
a descer a avenida
ou
alguém que te crava
um cigarro
ou
os seus dedos sujos
ou
a sua pele monstruosa
ou
o seu sorriso doce
olhar-te e ver-me
olhar-te e ver
a humanidade inteira
chorar para dentro
como uma menina
grande.
ou
os olhares invertidos
ou
o barulho dos carros
a descer a avenida
ou
alguém que te crava
um cigarro
ou
os seus dedos sujos
ou
a sua pele monstruosa
ou
o seu sorriso doce
olhar-te e ver-me
olhar-te e ver
a humanidade inteira
chorar para dentro
como uma menina
grande.
fotografia: Follia (Sconsiderato)
terça-feira, 7 de março de 2017
domingo, 5 de março de 2017
processos do esquecimento
dois dedos
a percorrer o peito
dois dedos
a embalar a morte
sorrir
a dois dedos
da tona da água
a percorrer o peito
dois dedos
a embalar a morte
sorrir
a dois dedos
da tona da água
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