estendo os meus braços como quem estende a última nota musical
ou os lençóis brancos, lavados no pátio de casa.
estendo os meus braços como se não te tivesse perdido para sempre
como se conservasse a verdade dos teus olhos, como se te ouvisse
mastigar o almoço com os dentes desalinhados
estendo os meus braços e abro as mãos como se tivéssemos ainda
a vida toda. todos os dias para contar os pássaros e as coincidências.
não sei. se foi a tua boca. os teus gestos lentos na minha mente inquieta.
não sei o que fizeste daquela hora pequena em que nos encontramos
pela última vez.
mas estendo os braços, naquele beco em que nos conhecemos
e é como se chovesse sempre.
desejo-te a morte. agora que o maço de tabaco enumera cidades onde te vi crescer e que vejo em ti os olhos do último amor.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
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