quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

14 de dezembro

estendo os meus braços como quem estende a última nota musical
ou os lençóis brancos, lavados no pátio de casa.

estendo os meus braços como se não te tivesse perdido para sempre
como se conservasse a verdade dos teus olhos, como se te ouvisse
mastigar o almoço com os dentes desalinhados

estendo os meus braços e abro as mãos como se tivéssemos ainda
a vida toda. todos os dias para contar os pássaros e as coincidências.

não sei. se foi a tua boca. os teus gestos lentos na minha mente inquieta.
não sei o que fizeste daquela hora pequena em que nos encontramos
pela última vez.

mas estendo os braços, naquele beco em que nos conhecemos
e é como se chovesse sempre.


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

os teus olhos não sabem o que dizem
os teus olhos são sombras que perpetuo
rente à pele dos dedos.
e alguém entrou nas tuas mãos
(eu senti.) 
alguém beijou ciclicamente
os teus espaços vazios.

ensinaste-me o amor.
como se fosse uma coisa
de morrer por dentro.





terça-feira, 6 de fevereiro de 2018



"You better bring the police, you better call your pastor
You better come with your guard, you better bring your armada
Cause I don't wanna fall far from grace, far from grace"

ou

uma faca que te atravessa

da garganta ao peito

causa-efeito

da falta de jeito.